Coisa Nossa


Me vi no alto, bem alto mesmo, e voando, sei lá! E lá em baixo um homem com roupas brancas correndo em alta velocidade. Seus cabelos dançavam no vento. Era um deserto montanhoso, bem largo e marrom, tinha muita pedra e poeira. E eu escutava uma voz gostosa cantando: Yeshua. De vez enquando dava pra ver Seu rosto e sorria abertamente. De repente salta de um monte bem alto e se transforma em um leão. É, a coisa é esquisita assim mesmo. Era um leãozão lindo! Ele continuava correndo e saltando os montes, e eu não sabia se chorava ou se ria. Daí eu fiquei emocionada e gritava: Leão de Judá! Leão de Judá! E a música continuava e eu ia ficando cada vez mais louca. Havia uma inexplicável emoção que não me deixava quieta e eu rugia junto com Ele, e pulava, e rugia de novo, e gritava. Eu sei, é engraçado pra mim também. Acabei me pegando numa dancinha gostosa de reggae. Quando tudo ficou suave o Leão parou no alto de um monte e rugiu diferente, bem mais alto e em câmera lenta. Então, se transformou no Homem. Daí, olhou pra mim aqui em cima, abriu os braços, como se pedisse um abraço. E me mandou um beijo. E ficamos rindo até a música acabar e eu voltar pra realidade.



Eu e Deus.

Pra nós todo amor do mundo


Te procuro o tempo inteiro, vasculho meus pensamentos e te encontro lindo, com aquele sorriso singelamente traiçoeiro que me encanta, me envolve e faz me perder nas indefinidas conjugações do tempo. O que compartilhamos vai muito além das definições humanas, o carinho que nos salta aos poros não cabe nos incômodos moldes já impostos, toda tentativa de compreensão cai por terra. Nossa ternura só testifica a intensidade da nossa ligação. Sem reservas declaro que te amo, pois não é de agora, mas de muito antes de ser e muito mais forte que eu. E... sabia? ^^

Ele que fez; Ele pode!


Às vezes Te pego dançando enquanto Te adoro. Me faz rir entre um “Santo” e outro. E morrendo de rir me pergunto: Como o Senhor da dança consegue dançar tão desengonçado assim? =D Só pra me alegrar mesmo. O mais engraçado é que nem Ele mesmo resiste às suas gracinhas. E morremos de rir. E fico olhando pra Ele que nem uma boba, cheia de uma satisfação única. Então, se curva pra me agradecer como nos grandes teatros. Privilegiada que sou, de poder desfrutar desse seu lado irreverente tão pouco divulgado. Meu príncipe bem ali na minha frente me fazendo rir e me fazendo bem.

Só Você pode.


Vem cá, deite ao meu lado, me faça um cafuné, me faça sentir bem, me faça rir. Quando eu preciso muito de alguém eu só Te tenho como opção. Você faz isso de propósito, né! Te entendo completamente. Você sabe que assim me terá do jeito que mais gosta. Embora eu procure nos outros, sei que só Você é capaz de me dar o que exatamente preciso. Você sente ciúmes e Você pode. Começo sem entender e termino agradecendo. Com Você as palavras se tornam indispensáveis, fluem tão natural. De leve encosto minha cabeça em seu ombro e lê meu coração. Fecho bem os olhos e Te vejo satisfeito, com aquela carinha de sapeca, só Sua. Então, me abraça e choro até dormir.

Dependência de quem?


Andei relendo minha monografia e achei isso interessante...


Com a realização deste trabalho foi possível, também, identificar índices de preconceitos em realção à dependência dos deficientes visuais não apenas por parte dos videntes, mas em alguns casos por eles mesmos. Boa parte admite não se sentir confortável com a ideia de que sempre irá precisar do auxílio de outras pessoas para executar tarefas que de outra forma executaria com facilidade.


No entanto, a dependência vai muito além de contar com ajuda de outros no ato da compra, como se a dependência resumisse apenas nisso. Certa vez uma garota fez um discurso em sua formatura e disse que não dependemos de ninguém para realizar nossos sonhos, que basta nossa determinação e força de vontade para alcançarmos o nosso objetivo. Afinal, somos nós que pagamos nossas contas e não devemos satisfação a ninguém.


Assim como essa garota, existem milhares pessoas que pensam de maneira semelhante e ignoram a possibilidade de depender dos outros, como se fosse algo terrivelmente vergonhoso. Você pode pagar suas contas, mas até para a água que tanto necessita chegar a sua torneira você depende de pessoas capacitadas e dispostas a fazer isso, independente da motivação. É muito comum estigmatizarmos os cegos e sentir pena deles por serem indivíduos dependentes, mas quem não é? O que seria das obras de artes em suas galerias se não houvesse pessoas para admirá-las? O que é uma marca ou a posse de um artigo de luxo se não há a quem se exibir? Se não há como compará-la? Somos todos animais que por mais que o orgulho não permita admitir dependemos uns dos outros.


O autor José Saramago ilustra perfeitamente a nossa dependência da visão e das pessoas no livro Ensaio Sobre a Cegueira. O romance nos leva a fazer diversas reflexões acerca de nossa forma de vida, nossos costumes e caráter. Depois que todas as pessoas perdem a visão para que serve o nome, formação ou conquistas? Tornam-se como cachorros que se conhecem pelo cheiro, pelo ladrar, pelo falar. Quando se encontram na mesma situação procuram se agrupar como se quisessem proteger um ao outro, contudo, quando se deparam com seus interesses próprios a solidariedade é questionável. Isso nos leva a pensar que não existe reciprocidade no medo egoísta, por outro lado não há racismo na cegueira, se não, a apatia pelo proceder que desagrada. Uma cor não te faz superior nem inferior a ninguém. Não há beleza a não ser a de um caráter irrevogável e a do respeito com seus semelhantes.


Sendo assim, este trabalho não tem a pretensão de ser conclusivo, ao contrário, ele pede para ser superado. Pois, ainda há o que explorar, uma vez que o universo do deficiente visual tem muito mais a oferecer não apenas em termos de pesquisa científica para um trabalho acadêmico, muito mais para nosso aprendizado como seres humanos que precisamos aprender a lhe dar com as diferenças, a não fazer acepção de pessoas que sentem dificuldades em executar tarefas que para nós, titulados normais, são simples de realizar e a não nos julgarmos superiores sentindo pena de quem possui um sentido a menos.


Afinal, “qualquer um pode tentar recriar o mundo para construir, no seu lugar, um outro mundo, em que seus mais insuportáveis aspectos são eliminados e subistituídos por outros que estão em conformidade com os desejos de qualquer um”. (FREUD apud ANDRÉ, 2006).

Até quando


Ela era linda até enxarcada de rugas, era doce até quando sua alma ardia de amargura, gentil até quando em alta voz xingava horrorosos palavrões. Ela conseguia ser forte até mesmo quando o medo saltava aos olhos, divertida até quando não havia resquícios de alegria em seu semblante, sorridente até quando lhe faltavam todos os motivos do mundo. Ela conseguia ser companheira até estando ausente. Era mãe até quando não precisava e amiga até quando precisava não ser. E continua sendo minha mesmo tendo me deixado há tanto tempo.

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