O que não se pode explicar


Bem no meio do alvoroço procuro um quarto escondido na casa, te puxo pelas mãos, aproveito a privacidade e te arranco um exclusivo e largo sorriso. Há festa no quintal, mas o Noivo me reservou esse instante. Eles cantam, dançam, mas não desfrutam de sua presença. Se encharcam de vinho forte, eu, porém, apresento-Te meu cálice vazio, pronto a transbordar. Na alegria da nossa intimidade me toma em seu colo e me revela seus caminhos, me jura amor eterno e me acolhe em promessas divinas. Ainda em seus braços, me conduz pelos corredores da casa e diante de todos grita em limpas lágrimas o sentimento que Lhe corre ao sangue. Delicadamente meus pés tocam o chão, de joelhos pega minha mão e aquele seu sorriso toma o céu. Um suave beijo em minha testa e um anel no meu dedo. Bem ali, sem restrições de olhos e pensamentos a menina soluça a felicidade que não se pode explicar.

Te sentir



Quando Te busco sem reservas
Sei que me ama
Sinto que vem ao meu encontro
De joelhos Te vejo ainda maior
E quanto mais alto, mais perto de mim fica
E leva embora a solidão
De levinho se aproxima e sorri
Que agradável é Te ter por perto!
E sentir Seu respirar.
E suspiro! Rsrs

Breve relato

Quando a encontrei era só sorriso. Então, suspirou e começou a relatar: “De longe vejo ascender a luz na sala. O Senhor ainda encontra em seus aposentos. Pelo reflexo na janela dá pra ver seu cabelo branco e o desenho do seu sorriso é tão nítido quanto o brilho daquela imensa lua lá no alto. Parece que ele me chama pra lhe fazer companhia. Séria ótimo, pois aqui fora o frio me inquieta as pernas, lá parece bem aconchegante. E aquele moço sentado ao fundo? Nada lhe tira atenção, seus olhos se prenderam num pedaço de papel. O que de tão interessante enamora seus olhos? Parece desejar aquelas palavras mais que os refinados manjares. Apressada, caminho em direção a luz. Seu olhar me encontra enquanto a úmida grama afaga meus pés. A gigantesca porta de madeira se abre e uma estranha atmosfera me envolve e zera meus pensamentos. De pé às portas do palácio, coração frenético e mãos trêmulas. Mal posso sorrir, meus músculos não respondem. Mesmo assim, arranco falhada voz e digo segura: - Essas letras tortas dessa carta de amor são minhas. Cada parágrafo traduz o anseio que eu tinha em te encontrar. Me enganei, Você é mais lindo que eu imaginava. Então caio de joelhos e enquanto me derramo em lágrimas Ele, gentilmente, me coloca em seus braços e me convida a eternidade." 
Foi assim. 

(...) é estranho

Curioso como uma coisa constantemente normal se torna algo tão impróprio. Se dissolveu rápido demais, mal deu pra acostumar com a falta que faz. Coisas que a vida tenta ensinar na pancada e somos obrigados a aprender, ou pelo menos, fingir. Engolir seco o choro que nem se pode revelar. Embrulhar em papel escuro o que não se pode sentir. Esconder em fundas gavetas e proibir de vasculhar. Correr do risco de não se machucar... outra vez.

Pra te dizer do amor que sinto



É estranho saber que, mesmo sendo muitas, consigo perceber seus ímpares detalhes. Sofro suas dores, levo suas cargas, grito suas lamurias, sonho seus sonhos, luto suas guerras e as trago prum abrigo seguro bem perto do peito. Mal sabem a força contida em seus sorrisos. Quisera eu tomá-las pra mim. Há tanta beleza em seus olhos, há flores por toda a estrada. Espalham plumas, cores, cantigas. Lindos seres encantados, carregados de magia. Não sei de onde tiram tanta pureza. Um mundo vestido de flores e sementes de sonhos em verdes tons de alegria. Um copo é um balde na mão, mas de ponta-cabeça em suas cabeças chapéu de peão. Um risco é corda de malabarista, olho de chinês, é rua, é bengala, é menino magrinho, é bigode de artista. No coração guardam o segredo de ser campeão, sem sujar a mão na luta do medo da vida. São delicadamente fortes, frágeis diamantes. Viciadas em abraço, carinho e cosquinha. Pequenos raios de esperança rasgando o céu... Bagunça, pula, corre, grita, cai, levanta, chora, bate, beija, abraça, chuta, dorme, rabisca e ensina. E nós?... Não temos muito o que fazer além de se render, amar e aprender.  

Que soul a revelar


Quando pintava as flores acho que pensava em mim. Quando assoviava as notas ao vento lembrava que isso mexeria muito comigo. Quando projetava o mar pretendia fazer dele beleza demais aos meus olhos. Ao sonhar a cantiga da chuva e seus aromas sabias bem que minha alma encontraria neles calmaria e gratidão. Ao bordar o universo sabia exatamente onde me colocaria e que seria a terra certa pra frutificar. Ao pensar em mim, imediatamente traçastes minha rota e já imaginava minhas andanças. A verdade é que habito seus pensamentos há mais tempo que consigo calcular. Não tem como negar, apaixonastes por mim quando ainda era eu somente uma fagulha em sua vasta memória. Fizeste-me exatamente como via em seus sonhos, nenhum detalhe lhe escapou aos olhos. Que linda revelação trouxestes a mim. De imaginar que existo há um bom tempo em sua infinita imaginação! Talvez esteja aí a explicação por tão grande amor. Com paciência me tens, com carinho ensinas-me a entender propósitos e planos. Sua sou num tom de eternidade e grato desesperadamente pulsa meu coração. Lisonjeada que sou, tenho um Rei, um Afago, um Abrigo, um Caminho, uma Morte, uma só Vida e um intenso e ardente Amor. 


Salmo 139

Sobra tanta falta...


Não tem jeito, ela sempre visita meus pensamentos, principalmente em ocasiões como essa. Tudo me faz lembra-la. Talvez, quando partiu, não imaginava que seria tão presente assim. Queria poder dizer o quanto sua falta é sentida, o quanto é importante e o quanto seus conselhos fizeram diferença. Queria, pelo menos, tê-la em um final de tarde, em frente ao mar, que ela gostava tanto. Eu tenho tanto a dizer, mas atropelaria as palavras só para ter um momento de silêncio onde apenas nossos sentimentos falassem. Não faria muita questão em esconder as emoções, deixaria rolar publicamente as lágrimas que guardo só pra mim. E me entregaria completamente ao seu abraço. Ah, como eu queria...

Gotas


Tá tudo tão escuro, o cinza das paredes mofadas sufocam minha garganta. O grito se cala, a melodia se cansa e a fétida mente perturba-me os olhos. Não há pra onde correr, não enxergo frestas, não há passagem de luz.

A mórbida escuridão tem tentado me cegar. Estou preso, enclausurado nas grades que eu mesmo construí. O aspecto da casa é sombrio, são concretos em notas de podridão, janelas serradas, poeira, vão.

Apenas ressoa uma insistente sintonia de gotas mortas espalhadas pelo chão. Por todo lado. Somente gotas. Nada que satisfaça o anseio desesperado da minha alma. Algo no meu interior grita por socorro! E desesperadamente suplico refúgio. Sem um além pra me aquietar, sossegar as palmas dos pés.

Faltam-me as loucuras de Suas enchentes desbravando minhas correntes. Vem, desagua e arrebenta as ruínas do meu diminuído coração. Vem extravagante amor. Deslimita o inevitável, faz manhã aqui dentro. Vem, desperta aurora surpreendente. Colore meu céu com o tom rosado do seu vinho mesclado em raios de sol.

Faz alegria, renovo em som de risos altos e pura poesia. Vem do alto e traz A doce companhia. Retira o desgastado reboco e faça-me companhia. Traga-me O novo. De Novo. E só!


Esse texto eu fiz pro meu amigo Dayvid dançar! =]

Ceder


Se fez preciso retroceder, fazer calar os sentimentos, observar o meio, aquietar a alma, dosar as emoções. Pedi pro coração ir devagar, tomar cuidado, desacelerar. Pois, sentir demais não faz bem ao pulmão. Entendi! Decifrar o olhar, calcular a distância com cautela para não perder de vista o eterno responsável. Os pensamentos desorganizam a mente como crianças agitadas bagunçam a casa. Respeito o limite do seu espaço, o que não quer dizer que estou apática. O choque do nosso encontro abalou a estrutura uniforme da minha convicção. A certeza foi pra outros cantos a convite da sua inesperada atitude. Calmamente busco refúgio e descanso, pois cansei de tentar fazer acontecer pela minha força. Entreguei os pontos e, enfim, passo a responsabilidade à Quem é devida. Só Ele sabe o que é melhor pra mim. Pronto!

Tin Tin

Um brinde ao amor não fingido, ao amor sentido e colocado em prática. Um amor de cara limpa, não entendido, que incomoda. Um brinde aos amores partidos que fizeram maduros corações. Um brinde às dores de cotovelos que destronaram paixões e desencadearam laços de extremas afeições. Um brinde à poesia rica de verso, pobre de rima, de firme convicção, banhada de sentimento, fora de tempo, de linha e padrão. Um brinde às mães, de sangue ou coração, presentes ou não. Que carregam consigo cantigas eternas de preciosa tradição. Um brinde à elas e suas insistentes definições: é carinho de mãe, colinho de mãe, cheirinho de mãe, comida de mãe, conselho de mãe, saudade de mãe, falta de mãe. Um brinde ao abraço demorado, descarregador de mágoas, validado por sinceridade, doado e não vendido. Um super brinde aos surpreendentes acontecimentos dos imagináveis de repentes de Deus, que mudam os nortes, derrubam os muros e renovam os rumos. Outro brinde ao beijo amigo, desarmador de máscaras, folhado de alegria, vizinho do sorriso, possuidor de simplicidade e calmaria. Um brinde à nostalgia que faz do sol companhia, que mantem vivos fatos, riscos fartos de folia. Um brinde ao misterioso futuro que o Autor reservou aos que decifraram os segredos pintados nos olhos das crianças. Brindemos, então, à elas e à pureza escondida no tímido sorriso de primeiros contatos, à viagem infantil ao país da fantasia, onde moram seus sonhos e magias. Um brinde à capacidade só delas de lapidar em nós tesouros de pirataria, perdidos por entre as ruínas da nossa antipatia. Um brinde à sensibilidade de trilhar os esconderijos que só o Criador sabia que nos trazem coragem de encontrar a saída. Um brinde à elas! Um brinde a Eles. Um brinde à vida!



Vou seguir

Segui seu conselho, abri a janela e a luz invadiu a sala, tornando-a mais aconchegante do que nunca. O vento me trouxe um segredo perfumado de brisa. Nós tínhamos tudo, mas você roubou meu chão e seu olhar angelicalmente infantil suplicou minha retirada. Estou certa que deixei flores no seu caminho e o cheiro lhe perturba o sono. Tudo bem, não foi em vão, agora sei mais do amor, agora sei mais de mim. A luz entrou e casa se encheu de esperança. Fica mais fácil sorrir quando o vento sopra fora as velhas folhas de um saudoso passado, deixando tudo limpo para receber a tão esperada visita. E esta, traz consigo canções de novidades regadas de amor. Segui seu conselho, vou abrir e dar passagem. Que venha o novo, novos ares, novas recordações, novo tudo, novo eu, novo você, de novo nós!


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