
Embaraço de sentimentos
Temos o dom de complicar
Tendemos sempre ao extremo
Muito de mais e pouco de menos
Há tanta coisa fora da ordem
Pulo quando é pra saltar
Giro quando é pra avançar
Esquivo-me quando é pra ajoelhar
Não me enxergo quando olho para os outros
Procuro espelhos e vejo quem não quero olhar
Me entreguei, já não vivo o comum de uma vida igual às outras
Busco passos no ritual da minha implacável rotina
Encontro obstáculos regados de regras, cansativas repetições, e o suor arde em meus olhos impedindo que eu me atente ao que próximo de mim está
Meu falar é carregado de doses homeopáticas de ternura,
Não me permito errar.
A queda me constrange, mas me levanto, fecho as portas e me tranco em mim
Restando apenas eu e minha inútil soberba.
Aprendi que há muito mais na verdadeira dança.
Existe uma entrega real, que nem meus membros e articulações conseguem expressar
Me desprendo das amarras de um estreito bailar e me lanço
Daqui de baixo fica mais fácil ver onde se encontram meus erros
De joelhos nivelo o terreno rochoso do meu orgulho cedendo espaço para extravagância
Organizo meus desejos e sonhos e danço.